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sexta-feira, 24 de maio de 2013

e ao fim de 4 meses, 154 posts e 12k visitas










a pergunta que desenhei escrevi na moleskine, volta a repetir-se.

É normal e é saudável (?).

A resposta está mesmo a sair do forno.

Quando tiver arrefecido, venho contar se tinha sal a mais.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

o que é que te passou pela cabeça

LAÇOS EUROPEUS

Quando o que une diferentes pessoas constitui algo tão precário e fraco como o dinheiro, a relação tem tudo para fracassar. Mesmo que se diga que não, que o que move as partes é algo mais profundo e altruísta, as únicas pessoas que perdem em manter a fachada são as próprias. Inevitavelmente, a bomba vai estalar quando o dinheiro acabar. E inevitavelmente, se se trata de um casamento nos moldes do verdadeiro casamento, estala a bomba mas aguentam-se à bronca. E desta forma, crescem, traçam novos esforços e desafios e limam as arestas que primeiramente os levaram à decisão de se manterem juntos.


Vou voltar atrás neste romance, porque me parece essencial analisar a razão que levou as partes a dar o nó, em 1957. O que os moveu? Uma genuína vontade de tomar decisões em conjunto, uma visão a dois, a cinco, a vinte e sete. Um interesse comum feito de visões únicas. Uma união mais forte, mais capaz, mais indestrutível, mais una, mais deles.

E mais nossa. Portugal aderiu à União Europeia nos anos 80. Uma união que procurava acima de tudo um aumento da capacidade económica através de uma abertura a novos mercados, a novas transações e a um mundo até então inacessível. Os drivers para além dos económicos, nunca foram bem comunicados. Nem assimilados. Não era fácil porque não lutámos juntos, os 27, desde o início. Porque tivemos guerras feias e frias entre as suas partes. Porque temos formas de pensar tão diferentes, que quase se anulam. Porque em várias dessas transações, eu ganho, se o outro perde.

As obrigações são títulos de dívida onde uma das partes, seja neste caso o Estado Português, emite um título em troca de um montante acordado, pago pelo investidor X. Na forma mais simples das obrigações, o X pagaria hoje o montante de uma obrigação a 5 anos, receberia juros pelo custo de oportunidade do dinheiro emprestado ao longo dos 5 anos, e receberia no final deste período o valor que tinha emprestado, atualizado a essa data, uma vez que cinco euros, por teoria, valem mais hoje (isto revela-se óbvio quando pensamos nos depósitos a prazo).

Já uma Eurobond é uma obrigação emitida pela União Europeia, composta pela dívida dos países que a constituem. A participação dos países neste tipo de obrigações tem que ser inevitavelmente ponderada uma vez que a solidez da dívida que apresenta uma Alemanha nada tem que ver com a solidez da dívida de uma Grécia. Uma das propostas relaciona-se com o rácio de dívida em % do PIB do país (debt-to-GDP ratio), o que se trata de um forte indicador mas ainda assim insuficiente: por força da nossa estrutura, a palavra dívida, debt, schuld, deuda, dette, pode querer dizer muita coisa.

Vantagens? Países de menor dimensão, com acesso mais fraco aos grandes mercados, ganham uma nova liquidez e mais depressa vêem a sua dívida transformada em ativo do que anteriormente.

Desvantagens? É uma praga para países como o nosso. À partida esta opção revelar-se-á um el-dourado: a dívida que inunda as nossas contas, unida à dívida de países como a Alemanha, dará à eurobond uma estrutura de dama de ferro, como se de uma garantia de ouro se tratasse. Do tipo "óbvio que se a Alemanha está metida ao barulho, não pode dar para o torto e vou receber o dinheiro que investi". Mas pode correr mal, porque em tempos já falámos do conceito de default. E é por isso que, este mês, a chanceler alemã, Angela Merkel disse um redondo Não às Eurobonds.

Sou da opinião de que este instrumento não é descabido de todo, mas que tem que ser mais limado e regulado. Nos moldes atuais, beneficia os países que se encontram sobre-endividados - "vale a pena dever muito dinheiro!". E só resolvendo a crise como o estamos a fazer, sem soluções fáceis, é que este nó, dado em 1957, pode crescer, traçar novos esforços e desafios e limar as arestas que primeiramente os levaram à decisão de nos mantermos juntos.

Porque no final do dia teremos que parar de fugir com o rabo à seringa e pagar o que devemos. Quer seja daqui a dois, cinco ou vinte e sete anos.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

la ballata dell'amore cieco


Voltas? É que os dias não são os mesmos, as horas de conversa andam a perder-se, o meu armário tem saudades dos teus assaltos e o chá-que-tu-bem-conheces está ali, parado, à espera que voltes.

E para saberes que o italiano que tanto queres aprender (e com certeza já dominas) também se pode ouvir em Portugal, graças ás novas tecnologias, ouve isto - La Ballata dell'Amore Cieco, de Fabrizio de Andre. Faltam dois dias, mas já faltaram muito mais. E os dois euros de conversa de ontem foram os mais bem gastos dos últimos tempos! Mais até do que a Hola desta semana.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

ressuscitas 132 anos e bebemos café amanhã?

There is something at the bottom of every new human thought, every thought of genius, or even every earnest thought that springs up in any brain, which can never be communicated to others, even if one were to write volumes about it and were explaining one's idea for thirty-five years; there's something left which cannot be induced to emerge from your brain, and remains with you forever; and with it you will die, without communicating to anyone perhaps the most important of your ideas.”

Dostoyevsky in O Idiota 
Vou estar de branco, ás 18h, na mesa do canto.

e aquelas pessoas

que editam textos depois de passarem dias, meses, anos de os terem escrito e que, apesar de já fazerem pouco sentido, continuam a ser uma criação sua, não existindo a possibilidade de ficarem fechados num qualquer caderno a ganhar pó? 

Hoje foi assim.

BALDES DE ÁGUA FRIA

Faziam-te falta, tantas vezes. Este veio de repente, sem esperares. Mas fazia-te falta, andavas adormecida. Acordaste para uma realidade que te escapava pelos dedos. Vivias uns degraus acima do chão, sem querer voltar à terra porque ali se estava bem. Muito bem. Era como se emigrasses e pudesses ser o que quisesses, bastava seres. A água, que inicialmente era gelada, foi ganhando temperatura. Passou a morna, como passaram os dias. E ultimamente, é nela que decidiste tomar os teus banhos. Deixa-te ficar por um bom tempo, ou podes perder uma oportunidade que dificilmente recuperarás. Conheço, sei que facilmente esqueces, passas por cima, no passa nada, e começas a dança da chuva.

Desta vez, só desta, deixa-te ficar por um bom tempo. Ganha-lhe os cinco sentidos, volta a experimentar o sabor agridoce da derrota. Volta atrás, não para relembrar o que não queres que seja, mas para construires a partir do imediatamente primeiro segundo. Não queiras que te devolvam o puzzle montado porque é numa dessas mil peças que está aquela que servirá de pista para o que se segue.

DIY: aprender a andar

pões um pé, depois o outro. Paras. E repetes o processo.

E deixas de chinelar como se fosses a caminho da feira de Sintra vender o último grito de peúgas.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

9:35 am

Falávamos sobre perceber mesmo bem inglês. Do-mínio puro. Aquele momento em que percebes que estás a pensar em inglês e depois traduzes para português sabes? Em que quase traduzes o português para inglês para perceberes do que se está a falar. E aí atravessei-me com N, saberás que estás a do-minar o inglês no dia em que sonhares em inglês. Assentiu, parecendo-me convencido. Voltou cada um para o seu trabalho.

Hoje, passados uns bons dias daquela conversa, já eu me tinha esquecido de tudo, chegou ao escritório em modo dança-sapateado-como-quem-ganha-o-euromilhões, sentou-se ao meu lado e disse-me não vais acreditar mas hoje, finalmente, aconteceu. A, hoje sonhei em inglês! Semi-cerrei bem os olhos, numa tentativa de perceber se era história, se real. 

Pareceu-me real, e avancei com grandes expectativas, então? Sobre o que era o sonho?
E ele responde só isto, só isto, não sei, não percebi nada..

P.S. Espero que o teu Benfica perca.

ás 11 mil pessoas que vieram aqui nos últimos 4 meses

Obrigada!

POÇÃO MÁGICA

# Bagas inca
# Farelo de trigo
# Óleo de onagra
# Pólen de abelha
# Cacao crú partido aos bocados
# Leite de arroz que a M desancantou não sei onde
# Amêndoas de alperce dos indianos do Martim Moniz
# Coisas grandes que parecem amêndoas (o que é aquilo?)

Misturas tudo dentro de uma taça e fazes disto o teu pequeno-almoço. 
E começas seriamente a pensar que virares pessoa-esquesita é mais fácil do que parecia.

SUPIMPA




























Andava a gostar daquele ritmo. Aprender a dormir sete horas obrigatórias, acordar de noite, fazer o que tinha a fazer, encontrar-se com o mais-que-Tudo que sempre a esperava ao final daqueles sete degraus positivos. Dizer bom dia ao senhor que antecedia esse encontro, romeno, de mão estendida e que à sua passagem fazia um sinal de fixe-surfista tipo hang loose que não se percebia bem se o era ou se se tratava de um sinal-depois-ligas-me? Garantir que vestia vestido para facilitar o processo de final de serviço, quando saía a tempo de ver luz do dia, atravessava o eixo norte sul enquanto mudava para roupa de corrida – primeiro semáforo calções, segundo semáforo parte de cima, subida até ao aeroporto sapatos – e chegava ao seu rio. Tudo fácil, até ao dia em que se esquecesse da regra do vestido.

E ontem não foi exceção. Cheguei ao rio pronta para os 7 km’s da fuga das galinhas e comecei. No ipod passava desde David Guetta a Imagine Dragons, concerto que não tarda nada e onde já garanti o meu lugar. Lado esquerdo, correr como se não houvesse mais nada nada nada. Lado direito em direção a um rio a perder de vista. E eis senão quando começo a ouvir um senhor a gritar todo contente e a esbracejar qualquer coisa de vago. Menina, corra mais rápido que eles já estão a chegar à meta. Vá despache-se! Eu ria sem saber de onde me tinha aparecido o senhor gordinho de bochechas rosadas. Continuei a correr. No regresso, lá estava ele. Viu-me e demorou dois segundos entre passar as coisas que tinha nos bolsos para o amigo e começar a correr na minha direção. Tudo me passou pela cabeça – é agora que me vai sair um free hug? Vamos chocar barrigas? Per-deu a ca-beça?. Nenhuma destas, só queria festa e um bocadinho de atenção. Estendi a mão, chocou na minha e segui viagem. Continuou a gritar todo contente mas já não o ouvia. Fizeram-se os últimos km’s a rir e a pensar que um dia, quero ser como o senhor gordinho, mantendo um espírito bem jovem e uma disposição para correr em sentido contrário ao óbvio.

E quando ia a subir o seu Mon(te)Santo, viu a mensagem dela e percebeu o que se passava. Despachou-se a marcar o número com uma ansiedade fora do normal, quase de certeza que sabia qual era a notícia do outro lado. Ouviu a voz da R e percebeu que sim, era isso mesmo. Falaram, falaram, falaram. E desligou no momento em que entrou em casa, com uma alegria extra, que dava vontade de cantar tudo o que passasse na rádio. As últimas horas do dia tinham sabido a pato daquele do sushi (!) de Entrecampos.

terça-feira, 14 de maio de 2013

olá, blog

só para te dizer que tenho saudades tuas mas que ainda não te posso dedicar a atenção que precisas. Esperas mais um bocadinho? Pegar em ti ao colo está na minha lista de pendentes, quase quase no topo. Falta o quase.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

APARÊNCIAS

Há uns tempos atrás estavam todos em equipa a almoçar, quando a chefe disse uma coisa simples. E que, embora aparentemente simples, ecoou em muitas cabeças. Masculinas e femininas.

Eu se pudesse tinha mais cinco filhos mas a idade já não permite. Mas sou 200% a favor de famílias grandes e que as mulheres tenham muitos filhos. Todos os que puderem e quiserem. Mesmo que trabalhem na minha equipa, promovo esta ideia. Porque daí advém uma felicidade que nenhum bónus que eu lhes possa dar, ultrapassa.



























Depois deste aparentemente simples almoço, o tom das conversas entre eles começou a mudar. A outra, casada e com um filho de dois anos, ficou a pensar no assunto. O outro, com dois miúdos pequeninos, começou a pensar na miúda. Os dois andavam felizes. 

E hoje, ela anunciou à chefe que está à espera de bebé. A reação foi de gritos. Feliz da vida, a chefe dava-lhe os parabéns e não se calava com um "que fixe!" e com parabéns a propósito e despropósito, deixando para depois ou para um talvez-nunca a logística complicada que será a ausência dela, cabeça da estrutura. Como se de uma própria filha se tratasse. Priceless. 

Giro como, com uma conversa aparentemente simples, se mudava o rumo de vida de, pelo menos, três pessoas.

DEGRAU #5

Olhos daqueles, sabem? 
Daqueles que trazem um rio atrás. 
Daqueles onde apetece entrar. 
Diziam que Josemaria Escrivá tinha esse olhar e eu acredito que sim. 
Que seriam olhos com uma profundidade plena.

E hoje conheci o Senhor Paiva. Estou, bom dia, estou a falar com o Senhor Paiva? Sim, era ele. Olhe, eu queria fazer a revisão do carro, preciso de uma buzina nova, a porta do lado esquerdo não abre, devo ter que mudar o óleo e.. acho que já lhe devia ter ligado porque ando há uma semana sem inspeção. Dois minutos de silêncio do outro lado. Conversa retomada. Pode vir buscar o carro ao meu escritório? Diz que sim. Então até já. 

Desci e conheci o Senhor Paiva, o filho e o amigo do filho. Gente simples, como eu quero ser ontem. Passou-bem e sorriso. Olhe que o carro agora é só meu, por isso é o mínimo indispensável está bem? Zero jeito para negociar, preciso de um workshop de três semanas in Marrocos. E parei. E olhei. E parei. Aqueles olhos, debaixo de um cabelo grisalho, eram tudo o que eu queria. De uma bondade extrema, de um homem puro de coração. 

Fiquei a pensar na raridade daquilo. Não eram azuis, nem amarelos nem mesmo verdes. Eram simples, que é tão mais raro do que azul, amarelo ou verde. E subi de volta para a minha secretária, a pensar que, se for grande, quero ser uma senhora Paiva. Com aqueles olhos, debaixo de um cabelo grisalho.

terça-feira, 7 de maio de 2013

ALDEIA GLOBAL


Tourém foi o sítio escolhido pela Optimus para filmar dois anúncios que apelaram à Aldeia Global, onde todos temos acesso a rede e podemos ser amigos. Todos menos o Salvador Martinha, está claro. E agora, vem o senhor presidente da Junta de Freguesia de Tourém dizer que a aldeia não é servida por nenhuma rede de telecoms portuguesa..! Nem PT, nem Vodafone e nem mesmo a Optimus!

Resultado: quando os habitantes de Tourém querem falar com pessoas do próprio país, pagam roaming. Tourém, estás no meu coração.

I'LL SEE YOU SOON THEN


Sempre que, ao andar pelas ruas, me cheira a fumo de escape de carros bem bem velhos;
Sempre que, ao andar pelas ruas, me vem o leve aroma do presentinho de um cão com dores de barriga;
Sempre que, ao andar pelas ruas, vejo um grupo de cores, mais arrojadas que o normal;
Sempre que, ao andar pelas ruas, o trânsito se descontrola e o número de buzinadelas roça o rídiculo..

.. eu lembro-me de ti, minha querida Índia, e de como morro de saudades tuas.

P.S. Não me esqueci de uma resposta que tenho em falta mas a razão de tal atraso deve-se a dois livros que ando a ler (Amor e Responsabilidade de Karol Wojtyla e Pudor de não-sei-quem-mas-que-é-bom!) para dar razões mais concretas do que um simples "porque sim". E já agora, a uma Despedida de Solteira à porta, que me está a deixar os níveis de logística-precisa-se acima do normal e com vontade que estoire a bomba! Countdown.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

INSÓNIAS

A dúvida começou há quase um ano, quando ela foi pedida em casamento. Lembro-me como se fosse hoje, feliz, radiante como só ela, ás três da manhã de uma sexta-feira 13. Como poucos esperávamos que ele escolhesse essa data, desafiando os mais supersticiosos, havia pouca coisa preparada para os festejos. E assim, ás três da manhã de uma sexta-feira 13, a aparelhagem tocava gipsy kings, bebíamos vinho verde e olhávamos para eles os dois, felizes e radiantes como só eles.

Nessa noite, ficámos as duas a conversar até tarde, mas tarde, ela a dizer que estava à espera mas que ao mesmo tempo não estava, eu a mandar mil mensagens, a pensar o que fazer a seguir, agora é importante fazermos um orçamento, e como é que queres o vestido?. Até que, vencidas pelo cansaço, adormecemos lado a lado. No dia seguinte acordámos com dores de costas e de cabeça, pelas poucas horas dormidas e pelo reduzido espaço que havia para duas pessoas numa cama de solteira. Ela, noiva. Eu, madrinha e irmã da noiva. 

E desde aí, ando a pensar no que vou vestir, onde o vou fazer, como o vou fazer, tecidos, materiais, eu sei lá. O importante é que comecei a perceber que aquilo que eu achava que fazia, tinha uma vaga ideia que sim, percebi que faço Mesmo. Adiar as decisões para as quais não me sinto capaz (estás a falar de um vestido, fofinha..) de escolher, com toda a certeza, o certo, o mais uau. 

E andava neste limbo, até que, no outro dia aqui pelo escritório, em conversas com a minha secretária, ela mandou um berro (sentido figurado, não foi escandalosamente alto) quando percebeu que eu ainda não tinha vestido. Ana, a tão pouco tempo do casamento, não tem na-da? Na-da? Eu acenava que não com a cabeça, estupefacta como uma filha que leva um sermão da mãe sem estar à espera. Vai disto, agarra no telefone, liga à costureira XPTO que lhe fez o vestido da filha, marca-me uma hora, a costureira e a prova. Santa eficiência, que tanto me andava a faltar. Como cheguei até ao vestido-que-me-tira-o-sono não sei. A senhora costureira levava-me os olhos da cara e por isso, não foi opção. A escolha acabou na Etxart e Pano, com modelos que estão para lá de incrível. Um muito obrigada à Carlota que me sugeriu esta loja num comment ao meu anterior post-desespero! Vale a pena passarem por lá, se têem casamentos a bater à porta. Amanhã vou buscá-lo à loja. E amanhã, espero já dormir descansada, com esta dúvida existencial resolvida.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

DEGRAU #4

Uma capacidade de voltar ali, estar ali. Ser, de corpo e alma, o que foi. E voa para fora de ti uma força maior, que queres agarrar porque é tua, conquistaste cada segundo. Quando consegues reagir, já vais tarde. Começas imediatamente a varrer a casa, com um ritmo que não tens nas coisas materiais, porque já percebeste que as teias de aranha tendem a instalar-se como nova senhoria. E quando passa, pedes a pés juntos que não volte. Que a casa se mantenha assim, arrumada. Arrumadinha. Os pés voltam a tocar o chão, os dedos ganham novamente sensibilidade e tudo é muito bom, é perfeito. É quase perfeito.

o nacional que é bom


.. mas tão bom.

senhor da CAIS




Hoje voltei a vê-lo, como todos os dias. Aquele é o seu semáforo e ninguém o tira dali. Já tenho a sua revista desde o princípio do mês. Gosto do seu trabalho, admiro-o, porque é tão mais fácil sentar-se num qualquer degrau de uma Igreja em Lisboa e estender a mão. Gosto do seu trabalho porque tem output - desculpe, sou de Economias - e porque sai do esforço do seu levantar cedo, respirar fumo dos carros, aceitar muitos não's-estou-com-pressa.

E quando o semáforo ficou verde, pensei no porquê de não comprar a sua revista mais do que uma vez por mês. É verdade que não há novidade, já a tenho. Mas 2 euros é o custo das minhas Holas semanais, e eu continuo a comprá-las. Vou pensar nisto e em si durante o resto do dia. Bom trabalho e até amanhã.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

@ querido anónimo


Recebi o seu comentário e fiquei deslumbrada. Para o situar, estava mergulhada no meu trabalho, a fazer não-sei-bem-o-quê que agora não me lembro. Mas lembro-me de ter recebido o alerta de um novo comentário e fui vê-lo.


Ah, é aquele post dos fatos-de-banho em que digo que gosto deles, mais do que de bikinis. Já sei. Li até ao fim. 

E agora, venho pedir-lhe três dias. Quero responder com pés e cabeça, sem pressas. Ando cansada de  quatro coisas, ultimamente: carne, pessoas com pressa, caras zangadas e telemóveis. E por isso, estou a tratar da resposta: como sou de números, alerto-o para o facto de ter pouco jeito para palavras bonitas ou raciocínios metódicos. Mas sei desde já, que nestas coisas há partes de nós que falam mais alto do que qualquer teoria que, quando imposta sem ser vivida, apaga a liberdade. E eu vivo bem mal com claustrofobia. Aqui, tudo se faz porque sim. Porque assim dita o coração.

Gostava de o conhecer para lhe agradecer o comentário e o ter-se dado ao trabalho de o escrever. Obrigada, muito obrigada. Até breve!

ALFACE COM ALFACE

São 3 e 17 da manhã e chego a casa. Estou no ponto em que o sono já não me assiste e que a cozinha é o mais apetitoso local de paragem. Tínhamos jantado há umas boas horas e naquele momento, sim, naquele preciso momento, uma única coisa me faria parar antes de aterrar na cama: alface. Se houvesse alface lavada no frigorífico, eu seria uma mulher feliz, ás 3 e 18 da manhã. E como havia (!), temperei-a com azeite e sal e sentei-me a pensar na noite que estava a acabar. Ali, sem o barulho da música, sem a confusão de pessoas, sem nada que me pudesse distrair, fazia um resumo das últimas horas.

Começámos por ser três, depois quatro, e se viesse mais a A? e passámos a cinco e olha, já agora, deixa ver se a C e a R alinham, e já eramos seis. Como chegámos ás oito não sei bem, mas ás 22h as oito estávamos no Honorato do Princípe Real para jantar. O restaurante para quem não conhece, é daqueles que vale a pena visitar. É um sítio de paragem obrigatória para fãs de hamburguer e jantaradas de amigos.

Adorei. Não gosto desta palavra usada com vulgaridade porque sempre ouvi que para adorar alguém, tem que ser desses "alguém" que valem a pena. Dos que não passam com o tempo. Usar a expressão em relação a "coisas" ainda faz menos sentido, porque essas com certeza que passam com o tempo e todos os dias fazemos experiência disso mesmo. Mas este jantar, adorei. Não pelo hamburguer de pimenta, que é O melhor do mundo, não pela mesa catita no cimo das escadas, não pelas pessoas simpáticas que nos serviam. Adorei porque este conceito é tão possível em Lisboa que ás vezes nos esquecemos dele: o de estarmos com amigos, mas também com amigos de amigos, que passam a ser nossos amigos. Algo que só é possível com uma boa dose de espírito aberto e de querer aprender com este e com aquele. Com todos. Conhecer porque sim, porque.. porque não?

Adorei conhecer melhor a S, a L e adorei conhecer a A. E de estar com a R e com a C. E delas, que não podiam faltar. Porque é destas relações que se fazem as experiências de vida, parece-me. É do interesse por quem anda ali, á nossa volta. Querer conhecer as suas coisas, os seus mundos, e como pensam em relação a isto ou aquilo. E é com este interesse que se começa a andar a passo (mais) rápido e em conjunto, para um horizonte sem distância mas com silhueta perfeitamente definida.

Prato-pratada de salada acabado e é hora de ir dormir. Olho para o lado e tenho companhia: um senhor doutor mosquito, daqueles que parece que também comeram um hamburguer ao jantar, olha para mim desafiante. Fecho a porta e desisto da sua causa.